Colorindo Canários Vermelhos

Colorindo Canários Vermelhos / Colorindo Los Canários Rojos

 

Por Paulo César Löf – Juiz FOB/OBJO

 

Tanto se especula em relação à coloração dos canários com fator, especialmente os de linha clara, e são tantas as consultas em busca de um segredo, que terminou motivando esse texto. Longe de almejar ser definitivo, trata-se apenas de relato de experiência na criação desses pássaros e nos julgamentos, restringindo-o unicamente à apresentação do lipocromo, sem interferência da categoria.

De início, já digo aos mais ansiosos: Não há nenhum segredo, ou se há, desconheço e também quero saber!

Iniciei na canaricultura criando vermelhos intensos e nevados, com a orientação insistente do meu tio Renato, que sempre dizia: “Não poupe corante, tem que dar direitinho”, o que deve ser traduzido como ter muito cuidado na sua administração e realmente não fazer qualquer economia boba que possa prejudicar o resultado final.

Porém, apenas isso não garante a nenhum criador bons resultados, sendo a boa coloração um soma de fatores: dosagem correta de corante + alimentação balanceada + seleção rigorosa.
A dosagem que eu utilizo, tanto para intensos e nevados quanto mosaicos, da linha clara e melânicos, é de cerca de 12-15g de cantaxantina a 10% (Carophyll Red, da DSM (ex-Roche) ou Lucantín Rojo, da Basf, p. ex.) para cada kg de farinhada pronta, diariamente, até o concurso. Sei de criadores que utilizam dosagens maiores ou menores, dependendo da fase do pássaro, mas eu considero que tal prática seja muito difícil para a maioria dos criadores. Então, padronizar parece ser a melhor opção.

É importantíssimo que uma dosagem padrão seja mantida, pois evitará que haja variação na coloração do plantel, o que atrapalhará a seleção. Como saber se determinado pássaro não possui uma boa cor ou se está mal colorido? Simples: certificar-se de que todos consumam o pigmento de modo homogêneo.

Não raro se vê criadores que acasalam pássaros deficientes de lipocromo com a justificativa de que “é filho de um canário campeão e deve ter comido pouco corante…” Eu, na dúvida, descarto. Exceção, lógico, são os adultos, que já foram selecionados quando filhotes.

Outro fator que deve ser levado em conta é a qualidade do produto utilizado, sendo importantíssima a seriedade do fornecedor, pois os corantes são facilmente degradáveis e a exposição à luz e à umidade os afetam profundamente. Por esse motivo, nunca vi bons resultados com a pré-mistura de corante na farinhada para posterior utilização. Sempre se deve adicioná-lo na hora do consumo.

Na papinha dada aos filhotes de ninho é mantida essa mesma dosagem, o que evitará o arranquio das penas longas, que já estarão bem coloridas.

O segundo fator é a alimentação balanceada, pois um pássaro mal alimentado nunca conseguirá disponibilizar corretamente o lipocromo em sua plumagem. A plumagem é construída de acordo com os nutrientes disponibilizados, e, assim, um aporte correto de minerais, vitaminas e aminoácidos na hora da muda é de suma importância.

Quanto ao uso do óleo na farinhada, na época da muda, tenho para mim, sem querer gerar polêmica, que é fundamental, justamente como veículo para melhor absorção e disponibilização do pigmento. Preferencialmente, utilizar o de girassol e o de soja, pelos níveis, principalmente, de vitamina “E”, antioxidante, no primeiro, e de metionina, no segundo.. Atua também na agregação de maior brilho `a plumagem.

O uso da mistura de grãos habitual (alpiste, colza, nabão, linhaça, níger, aveia, etc) não parece interferir muito na coloração, mas a utilização de verduras, sim. Também o milho amarelo age negativamente, competindo com o pigmento vermelho.

O último fator, mas não em ordem de importância, é a seleção rigorosa dos pássaros de plantel. É somente por ela que poderemos chegar a pássaros que muito bem atinjam o nível que nós desejamos. Como já foi dito acima, não é aconselhável acasalar um pássaro (filhote) que não haja apresentado as condições ideais de coloração, ainda que seja oriundo de uma boa família. Como saber se a falta de brilho e a falta de cor não são genéticos? Assim, deve-se preferir pássaros nas suas melhores condições, sempre, o que já será um forte indício de qualidade e de geração de bons filhotes.

 

Por fim, uma recomendação que, ainda que de conhecimento da maioria, merece ser reprisada pela sua importância. Deve ser evitado, para os canários da linha clara, exposição direta ao sol, por períodos prolongados. O ideal é que os pássaros não recebam diretamente a luz solar, pois resultará em amadurecimento precoce da plumagem, com perda na coloração. Por outro lado, essa exposição resulta em aumento no brilho da plumagem, podendo ser dosada quando se tem pássaros que precisam “abrir a cor”. Nos pássaros da linha escura, especialmente nos de melanina negra (cobres e ágatas), o sol faz com que haja uma melhoria no tipo, prejudicando muito pouco a cor de fundo. Nada, porém acrescentará muita qualidade ao que não a tem. Esses cuidados só farão diferença nos detalhes, possibilitando aos pássaros de boa qualidade que possam expressar todo o seu potencial.